domingo, 31 de janeiro de 2010

A dama do cachorrinho

A dama do cachorrinho
Anton Tchékhov (ou Chekhov) - 1883
trad. Maria Aparecida B.P. Soares
L&PM (185 pág.)

12 Contos. Tchékhov, para mim, é o Machado de Assis russo, não pelo estilo da escrita, não, Tchékhov é mais direto e conciso, enquanto Machado cria prazer no desenrolar das palavras, como de um novelo, mas quanto aos temas.  Os dois tratam do homem comum, de histórias comuns, do dia a dia e, assim, expôem o grande drama da vida de todos.   

A morte do funcionário - Claramente inspirado em cena de "O capote"  de Gogol.  No primeiro, o funcionário é destratado pela vaidade e insegurança do ministro que quer mostrar a amigo como é poderoso. Tchékhov, no entanto, parte da insegurança do funcionário, apavorado por ter espirrado na careca do superior.

O enxoval - Funcionário se lembra de três visitas que fez a uma mesma casa, sendo que, na primeira, estava-se preparando o enxoval da filha.

Aniúta - Jovem mora em cortiço com um estudante de medicina, depois de já ter sido abandonada por outros estudantes, anteriormente.

A corista - Mulher recebe visita súbita da esposa de seu amante que a destrata e diz que ele teria feito dívidas por causa dela, deixando seus filhos na miséria, exigindo que a amante lhe devolva as jóias que teriam sido dadas por ele.

Vanka - menino órfão escreve carta a seu avô, no Natal.  De desesperar qualquer um.

Vérotchka - Porque ninguém manda em seu coração.... e não pode escolher a quem amar.

Zinotchka - Menino vê sua babá namorando com seu irmão mais velho e não consegue guardar o segredo.

A irrequieta - Mulher que, bem no espírito do sec. XIX, busca a companhia de pessoas importantes, artistas em geral, e ignora o marido, médico, sem saber que ele era mais importante, por suas pesquisas e atuação, que todos aqueles que a circundavam ... 

Anna no pescoço - Jogo de palavras, com o nome da personagem principal, Anna,  mas também uma condecoração que seu marido recebe (ordem de St. Anna).  Jovem pobre, órfã de mãe, com pai alcóolatra, que se casa com homem com posses, mais velho, por quem sente aversão.  Só que a história muda quando Anna vai a um baile...  (É a Madame Bovary russa.)

Iônytch - Médico de província se apaixona por jovem e, após sua recusa, passa a levar uma vida sem graça e se torna uma pessoa seca.

A dama do cachorrinho - Homem infeliz no seu casamento, para quem a traição já se tornou um hábito que, no entanto, não o faz feliz, encontra mulher infeliz no seu casamento, para quem a traição já se ....

A noiva - Jovem noiva, às vésperas do casamento, ouve conselhos de um primo, louvando o trabalho e o estudo e criticando todo o modo de vida da época, e foge para estudar.  Conto que mostra como as idéias que, logo a seguir, iriam despontar na revolução soviética, já se faziam ouvir.


[terminei em 17/01/2010]

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Como fazíamos sem

Como fazíamos sem 
Bárbara Soalheiro  (2006)
Panda Books (144 pág.)

Como era o mundo antes da invenção dos objetos do dia-a-dia?
Idéia boa, mas que não convenceu na execução.  Fraco, fraco.

Além do mais, que os americanos insistam no argumento de que foram os irmãos Wrigth que inventaram o avião (sem NENHUMA testemunha), a gente ainda entende. Mas uma brasileira?  Apesar de todas as pessoas (do mundo inteiro) que estavam nos Champs Elisées? Com foto e tudo?
Ah, tem dó!


[terminei em 01/07/2006]

 

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Inesquecível

Inesquecível
org. Rodrigo Pereira (2006)
Ediouro (218 pág.)


Textos de viagem, escritos por diversos autores, em épocas diferentes, para várias revistas.

Normalmente, um escritor prepara seu texto de acordo com o suporte onde ele será editado, considerando sempre que um texto para jornal estará acessível ao público por um dia ou dois (no filme "Nothing Hill" o personagem principal diz "os jornais de hoje estarão forrando as lixeiras amanhã"), o de uma revista, por um mês, ou dois, e o de um livro por muitos anos...    É claro que certos escritores possuem tanto talento que se derrama pelos poros, que até mesmo uma lista de compras por eles escrita tem qualidade literária, mas, em linhas gerais, o enfoque é outro.   É o que se sente neste livro.  A gente compra um livro, mas encontra textos de revista...  sem todos os adornos que os acompanharam nas edições originais, como fotos, mapas, diagramação colorida, etc....

O fato de os textos terem sido produzidos em outras épocas, em si, não se caracterizaria como ponto negativo, mas como retrato de uma época, mas o fato é que a gente sente falta alguma coisa, ou melhor, de muita.

Há algumas pequenas pérolas, não se pode negar, João Ubaldo Ribeiro, com seu personagem fictício consegue despertar risos, Rachel de Queiroz levanta tão alto a bandeira do Nordeste que eu quase fiz minhas malas e Washington Olivetto, que não é escritor, ao menos não no sentido comum da palavra,  faz, na minha opinião, o melhor texto, mais de acordo com o esperado, um relato de viagem, descrevendo lugares e narrando fatos curiosos da cultura. 

Mas o livro como um todo é decepcionante e, ao contrário do que o título pretende, eu já o estou quase esquecendo.


[terminei em 17/01/2010]

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O conde de Monte-Cristo 5

Le Comte de Monte-Cristo (5)
Alexandre Dumas (1844)
Folio (2 vol. - 1.398 pág.)

Alexandre Dumas escrevia como um louco, são centenas de volumes, alguns enormes, como é o caso deste livro, além de artigos para jornais, etc.
Para isso, é claro que contava com ajudantes, que escreviam sob suas ordens, sendo um deles Auguste Maquet, que colaborou no "Conde de Monte-Cristo" e no "Os Três Mosqueteiros".

No entanto, esta colaboração foi motivo de ser questionada a autoria de suas obras, ainda durante sua vida, sendo objeto até mesmo de disputa judicial que, no caso de Auguste Maquet, foi ganha por Dumas.

Nos apêndices deste livro, foram incluídos alguns artigos sobre este assunto, onde Dumas diz:
"Vocês sabem, queridos leitores, é fato conhecido (dos biógrafos, bem entendido) que eu não fiz um só dos meus 1200 volumes." e
"... As pessoas sempre se inquietaram em saber como eram feitos os meus livros e, sobretudo, quem os havia feito.  Seria tão simples acreditar que era eu, que ninguém teve a idéia.  E, naturalmente, são aquelas das minhas obras que obtiveram mais sucesso que contestam mais obstinadamente a paternidade..."

Eu, particularmente, acredito na autoria de Dumas, já que, vendo a lista de obras que o Sr. Maquet escreveu sozinho, não se acha uma só conhecida, enquanto que, ao contrário, Dumas deixou, entre inúmeras outras:
"O Conde de Monte-Cristo", "Os Três Mosqueteiros", "Vinte anos depois". "A Rainha Margot", "A Tulipa Negra", "O Homem da Máscara de Ferro", "O Colar da Rainha", "Robin Hood" ...

[terminei em 01/01/2010]

sábado, 23 de janeiro de 2010

O Essencial

O Essencial 
Constanza Pascolato (1999)
Objetiva (239 pág.)


Manual de estilo. O que diferencia este de vários outros é a linguagem direta, sem frufrus e a grande experiência da autora, sempre envolvida com a moda, particularmente à frente da fábrica de tecidos Santa Constância.

Agradável, rápido de ler, embora não seja tão essencial assim... mas organiza as idéias, as dicas, aquelas que a gente já ouviu muitas vezes, mas nunca coloca em prática.
Não me arrependi.
[terminei em 2001]

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

As 1001 noites - Tomo I - 1

Les mille et une nuits - Tome 1er
Anônimo (séc. XIII)
Trad. Antoine Galland (1711)
ebook - 454 pág. (cf. ed. da foto)

As mil e uma noites.

Na realidade, não são tantas noites assim, mas a escolha deste número quebrado, tende a mostrar que as noites não se acabam...

Trata-se de contos orientais, de diversas épocas, transmitidos de forma oral, que foram compilados por volta do século XIII.
O francês Antoine Galland, enviado ao Oriente pelo rei Louis XIV, teria conhecido a obra e a traduzido, alterando partes mais picantes e, até, acrescentando histórias de seu próprio punho.  Seu trabalho, no entanto, serviu para divulgar a obra, que se tornou célebre na Europa a partir de sua tradução e, também, para conservar parte do manuscrito original que, hoje, na Biblioteca Francesa, é, segundo se sabe, o mais antigo no mundo.


A trama principal se resume desta forma:
Um príncipe, Schahzenan, recebeu de seu irmão o reino da Tartária. Um dia, por acaso, descobre que sua mulher o traía. Ele mata a mulher e o amante, e parte para visitar seu irmão, o sultão Schahriar, (que reinava sobre uma região que se estenderia da Pérsia, à Índia e China). Ao encontrá-lo, muito triste, ele acaba descobrindo que a mulher de seu irmão também o traía. Ele se consola, concluindo que todas as mulheres são assim (!!?!!), mas seu irmão, enfurecido, decide nunca mais confiar em uma mulher e que nenhuma outra o trairia.
Para isso, ele decide que se casaria em um dia e, logo após a noite de núpcias, a noiva seria executada.  Como ele coloca seu plano em prática, todo o povo fica apavorado, inclusive o Vizir, que é o encarregado de executar as ordens do sultão, tanto para escolher as noivas, como para matá-las.
 Sua filha, Scherazade, se oferece como noiva. Ele recusa, mas ela insiste tanto, que ele acaba consentindo.
Ao se casar, ela pede a Schariar que deixe sua irmã Dinarzade passar a noite nos aposentos, para que ela possa se despedir dela antes de morrer e ele concorda.
Só que as duas já tinham combinado que, pouco antes do amanhecer, Dinarzade pediria que a irmã, ótima contadora de histórias, contasse uma história, como despedida.
Ela começa, e o sultão, querendo saber da continuação, a deixa viver até a noite seguinte.
Scherazade vai emendando uma história na outra, de forma que o tempo vai passando, sem que ela morra.
O primeiro tomo (de um total de três), vai até a 149ª noite, com 26 histórias encadeadas, sendo que, em determinados momentos, há três histórias em aberto (Scherazade contando uma história, onde o personagem conta outra, na qual o personagem também conta uma história), o que deve ter deixado o sultão maluco...

As influências da obra:
A melhor parte da obra é, obviamente, o estratagema de Scherazade, ou seja, de que as histórias podem mudar uma pessoa, coisa que todos nós leitores compusivos, sentimos na pele... mas as histórias, em si, são bem repetitivas, há situações praticamente iguais:
Logo no início, um homem traz na coleira dois cachorros pretos, que são seus irmãos, transformados em cachorros por castigo.  Mais à frente, uma mulher tem duas cadelas pretas, que são suas irmãs, transformadas por castigo...

Mas o impacto da história foi muito grande, especialmente pelos costumes muito diferentes dos nossos (uma mulher toda coberta, da cabeça aos pés, com duas camadas de véus, e que, sem mais nem menos, se oferece a um desconhecido, recebendo-o em sua casa e em sua cama !?! , isso sem falar na quantidade de pés, mãos e dedos cortados...), despertando no Ocidente uma grande curiosidade pelo "misterioso" Oriente, influência que se faz notar ainda hoje, na literatura, no cinema, etc.

Quem viu o filme "O nome da Rosa" lembra que as pessoas morriam ao molhar o dedo na boca para virar as páginas dos livros, que estabam envenenadas... Bem, história inspirada na 16ª noite.
O pessoal mais velho se lembra da Jeanie saindo da garrafa como fumaça ... 11ª noite.
Príncipe que sai disfarçado para ver o país (milhões de histórias, inclusive o Príncipe e o Mendigo de Mark Twain) .... 33ª noite
Luta entre o mago Merlin e a Madame Mim, cada um se transformando em um bicho diferente, que se vê no desenho animado da Disney "A espada era a Lei" ... 50ª noite.

E eu só acabei o primeiro volume...


[terminei em 14/01/2010]

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

As Bodas de Fígaro

Le Mariage de Figaro
Pierre-Augustin Caron de Beaumarchais (1778)
ebook (+/- 125 pág.)

Teatro, comédia.
Continuação de "O Barbeiro de Sevilha".

Na primeira peça, o Conde d'Almaviva, ajudado por Fígaro, consegue casar com Rosine, contra o vontade de seu tutor, Bartholo. 
Nesta, passado algum tempo, o Conde, seguro em seu casamento, se engraça com várias das servas, inclusive com Suzanne, camareira da Condessa, e noiva de Fígaro.

A peça critica os poderosos que "exerciam" justiça e ataca o "Direito do Senhor Feudal", ainda vigente, em que o dono das terras poderia passar a primeira noite com a jovem casada.


Figaro:  « Porque sois um grande Senhor, vós pensais ser um grande gênio!... Nobreza, fortuna, uma classe, posições : tudo isto traz tanto orgulho! O que vós fizestes para possuir tantos bens ? Vós tivestes somente o trabalho de nascer, e nada mais... »

Mas, como se trata de uma comédia, há milhões de confusões, troca de papéis, mãe que encontra seu filho perdido, ciúmes, ciúmes, ciúmes... , só que a peça, com todos os personagens da anterior e mais outros tantos,  ficou bem mais confusa .

Sobre a questão do ciúme, prefiro Marivaux. É mais leve e menos enrolado. Mas esta peça ficou famosa, graças a Mozart e sua ópera que, por sinal, é muito boa. 

Figaro:
Jean Jeannot, jaloux risible,                Fulano, ciumento ridículo
Veut unir femme et repos ;                 Quer unir mulher e tranqüilidade
Il achète un chien terrible,                   Ele compra um cão terrível
Et le lâche en son enclos.                    E o solta no quintal.
La nuit, quel vacarme horrible             À noite, que barulho horrível
Le chien court, tout est mordu,           O cão corre, todos são mordidos
Hors l’amant qui l’a vendu.                 Fora o amante que o vendeu.
(a tradução, livre, é minha)

[terminei em 09/01/2010]

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Os livros nas artes plásticas

Achei lindo este blog, com inúmeras imagens (fotos, desenhos, pinturas) todas envolvendo livros.






O silêncio dos livros (http://osilenciodoslivros.blogspot.com/)

Faça uma visita, você vai gostar...



domingo, 17 de janeiro de 2010

Contos do dia e da noite

Contes du Jour et de la nuit 
Guy de Maupassant (1885)
ebook (+/- 170 pág.)

Maupassant morreu jovem, com apenas 42 anos e, em sua curta carreira de escritor, que não durou mais de uma década, produziu mais de 300 obras.

Nunca tinha lido nada desse autor e o amei de paixão.  Um estilo direto, uma crítica cortante, extremamente afiada, de grande sensibilidade, tratando do ser humano e de suas incongruências sem hipocrisias e sem retornos.

Nesta coletânea, são 21 contos:
Le Crime au père Boniface - Um carteiro, vai lendo o jornal no caminho de suas entregas. Uma das notícias é sobre uma assassinato de toda uma família.  Impressionado, ele se aproxima de uma casa para eram destinadas duas cartas, escuta gritos e chama a polícia... (engraçado.)
Rose - Mulher contrata empregada como dama de companhia e descobre, depois que era um homem disfarçado, perseguido pela polícia por estupro.
Le Père - Homem encontra na rua uma paixão de juventude que o tinha abandonado subitamente e descobre que...
L'Aveu - Camponesa pobre confessa à mãe que está grávida...
La Parure - Mulher simples sonha com uma vida de luxo.  Seu marido, querendo agradá-la, consegue um convite para um baile. Ela precisa se apresentar adequadamente, e uma amiga empresta um colar de diamantes, que ela perde...  (muito bom.)

Le Bonheur - História de amor. Jovem rica se apaixona, abandona tudo e vai morar na Córsega.
Le Vieux - Médico afirma que um velho está à beira da morte e não passará da noite. A família começa, então, os preparativos para o velório, com muita comida.

Un Lâche - Homem repreende um outro que incomodava uma amiga casada e sofre demais com a perspectiva do duelo.
L'Ivrogne - Homem chega bêbado em casa, chama por sua mulher que não atende. Irritado, ele...
Une Vendetta - Mulher na Sardenha, tem seu filho morto à traição e planeja a vingança.
Coco - Empregado, enciumado, deixa cavalo morrer de fome.
La Main - Homem corta a mão de um inimigo e a coloca como troféu na parede. (história fantástica, muito boa!)
Le Gueux - Mendigo busca alimento.
Un Parricide - Menino bastardo é abandonado por seus pais.
Le Petit - Menino é mimado pelo pai, que amava loucamente a mãe.
La Roche aux Guillemots - Homem é convidado a caçar mergulhões (ave), mas precisa enterrar o genro.
Tombouctou - História de um soldado negro.
Histoire vraie - Homem engravida a empregada e procura marido para ela.
Adieu - Homem vê jovem e se apaixona por ela, por sua beleza. Doze anos após...
Souvenir - Jovem encontra casal perdido na rua.
La Confession - Mulher, à beira da morte, quer o perdão da irmã. (excelente!)
[terminei em 21/08/2006]

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O conde de Monte-Cristo 4

Le Comte de Monte-Cristo
Alexandre Dumas (1844)
Folio (2 vol. - 1.398 pág.)

Alexandre Dumas diz que começou a escrever a história a partir da vingança.  Depois, mais tarde, seguindo o conselho de um colaborador, escreveu a parte inicial.

Passou a dividir a história, assim, em três partes, segundo as cidades em que a trama se desenrola:

1 - Marselha - em que narra a traição, o período da prisão de Edmond Dantès no Château D'If  (que existe realmente, foi utilizado como prisão, onde estiveram encarcerados Mirabeau e o Marques de Sade, e hoje é somente um ponto turístico (foto)), a fuga e a chegada à Ilha de Monte-Cristo.


2- Roma - em que Edmond já aparece transformado no Conde de Monte-Cristo, recebendo com muito luxo Franz e Albert, este filho de sua amada Mercedès e de um de seus inimigos, Fernand.

3 - Paris - onde, finalmente, a vingança toma corpo.

Os últimos momentos não se passam mais em Paris, mas novamente em Roma e, em seguida, na ilha.

P.S.: a foto  do Château D'If veio de: http://www.cyberpresse.ca/voyage/europe/france/200811/07/01-37221-le-chateau-dif-et-le-comte-de-monte-cristo-pres-de-marseille.php




[terminei em 01/01/2010]

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

O mandarim

O mandarim 
Eça de Queiroz (1880)
 +/- 108 pág.

Muito boa história, baseada no chamado "Paradoxo do mandarim" que propunha a seguinte questão:
"Se você pudesse, com um simples desejo, sem que ninguém soubesse, matar um rico mandarim, que você não conhece, do outro lado do mundo e, ao mesmo tempo, herdar a sua fortuna, o que você faria?" 

Balzac, no romance "Père Goriot" cita o paradoxo, como sendo de Rousseau, mas parece que estaria equivocado, e teria sido proposto, na realidade, por Chateaubriand, em 1802 ... mas o fato é que Eça de Queiroz o desenvolveu neste romance-conto, de forma brilhante.

O mesmo tema gerou um dos melhores episódios (na minha opinião) da antiga série "Além da imaginação", já na fase colorida:  Um casal falido recebe uma caixa com um botão, entregue por um homem que esclarece o mecanismo, repetindo sempre que eles não conheciam a pessoa que iria morrer.  Depois de muitas brigas, eles desmontam a caixa, que está vazia, e acabam apertando o botão. No dia seguinte, o homem volta com uma maleta cheia de dinheiro, para pegar a caixa. Quando eles perguntam por quê, ele responde, que ela vai ser reutilizada, mas que eles não deviam se preocupar, ela seria entregue para alguém que eles não conheciam.......... 

Mas leia o livro sim, é muito interessante, e tem outro desenvolvimento, também muito bom.

[terminei em 2000]

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O médico e o monstro

O médico e o monstro e outras histórias
(The Strange Case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde)
Robert Louis Stevenson (1886)
Martin Claret (125 pág.)

É um pequeno livro com três histórias, na realidade, três contos.

A primeira (O médico e o monstro), que dá nome ao livro, é claramente a obra prima do autor, que o levou ao sucesso e a viver do que escrevia.   Infelizmente, a enorme divulgação (até mesmo em desenhos animados), tiram a surpresa da história que, imagino, seja muito mais saborosa para quem a desconheça completamente, mas, mesmo assim, vale a pena.
Stevenson trata, de forma pungente e profunda, do maior conflito humano, de um ser dividido entre a vontade de satisfazer vontades egoístas cuja realização, muitas vezes, é capaz de causar o  mal a outras pessoas, e o desejo de autotransformação e aperfeiçoamento em busca de uma realidade melhor e mais nobre. 

A forma da história foi muito bem escolhida.  A narrativa começa com um personagem chamado Utterson, amigo do Dr. Jekyll  que, pensando estar protegendo o amigo,  começa a investigar o envolvimento deste com o estranho Mr. Hide.  O mistério só vem a ser solucionado no fim, através de cartas deixadas por homens mortos. 

A segunda (Markheim) segue a linha da primeira, discutindo a divisão do ser humano entre o bem e o mal e na responsabilidade de cada um em fazer as escolhas diárias.  -  Um jovem, Markheim, entra na loja de um negociante de objetos usados, velho conhecido seu e o assassina.  O curioso é que Stevenson apresenta o negociante com cores tão desagradáveis, de forma que o leitor se coloca facilmente na posição do assassino, o que é, à evidência, o seu objetivo.

A terceira (Janet do pescoço torcido) difere das anteriores, sendo melhor classificada como história fantástica.   Pregador de pequena cidade emprega mulher considerada como bruxa.  Em uma ocasião, ela é atacada pelas mulheres da comunidade e, no dia seguinte, aparece com a cabeça pendente, como se tivesse sido enforcada...


[terminei em 05/01/2010]

sábado, 9 de janeiro de 2010

O conde de Monte-Cristo 3

Le Comte de Monte-Cristo
Alexandre Dumas (1844)
Folio (2 vol. - 1.398 pág.)

Na minha edição, o texto é seguido por alguns anexos, muito interessantes, em que Dumas conta como teve a idéia, ou melhor, as idéias, para desenvolver o romance.

Ele morou na Itália, onde vivia o jovem que viria a ser o imperador Napoleão III, sobrinho do primeiro, mais famoso.
Ele foi encarregado pelo pai do jovem de viajar com ele, apresentando-lhe a França.  No meio da viagem, eles passam pela ilha de Monte-Cristo (foto), mas não podem aportar, sob pena de serem submetidos a uma quarentena.
Alexandre Dumas pede, então, para que o barco dê uma volta inteira na ilha, dizendo que utilizaria aquele nome mais tarde em um romance.


Quanto ao núcleo da trama, ele afirma tê-la buscado nos arquivos da polícia onde encontrou o registro de que um jovem, arruinado pela inveja de 3 homens, voltou para se vingar deles, deixando sobre cada um uma marca (1, 2, 3...).  Na história real, no entanto, um dos homens descobre a identidade do vingador e o mata.  Mais tarde, no momento de sua morte, atormentado com aquele assassinato, confessa o crime e aponta o lugar onde deixou o corpo.


P.S.: a foto da ilha de Monte-Cristo veio de: http://www.panoramio.com/photo/3032891


quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

É o nosso dia!

Dia do Leitor

Descobri que hoje, 07/01, é o dia do leitor, e da leitora também...


Aí achei bom marcar a data com estas belas imagens, homenagem feita por grandes mestres da pintura a nós, leitoras e leitores de todos os dias. 


À esquerda, obra de Fragonard, "A leitora" ("La lectrice" pintado por volta de 1772 - National Gallery of Art - Washington) e, à direita, também "A leitora" de Renoir ("La liseuse - 1874/1876 - Musée d'Orsay - Paris).

Parabéns! e vamos aos livros...

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O Barbeiro de Sevilha

Le Barbier de Seville
Pierre-Augustin Caron de Beaumarchais (1775)
ebook  (+/- 92 pág.)

Peça de teatro que deu origem à famosa ópera de Rossini.

Jovem é mantida cativa por seu tutor, mais velho, que deseja se casar com ela.
Ao mesmo tempo, um conde deseja encontrar uma mulher que o ame pela pessoa que ele é e não em decorrência de sua riqueza e posição social.
Ele se disfarça e se apresenta a ela que, obviamente, se apaixona por ele.
Depois de muito entra e sai, muita mentira, muita confusão, eles se casam.

A TV5 mantém em seu site pequenos trechos da peça.

Citação: " FIGARO. - Com relação às virtudes que se exige de um empregado doméstico, Vossa Excelência conhece muitos patrões que fossem dignos de ser contratados?»

É divertida, e foi seguida por As Bodas de Fígaro, que também rendeu uma ópera,  esta de Mozart.

[terminei em 02/01/2010]

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

O conde de Monte-Cristo 2

Le Comte de Monte-Cristo
Alexandre Dumas (1844)
Folio (2 vol. - 1.398 pág.)

Jovem marinheiro, Edmond Dantès, filho devotado, apaixonado pela bela Mercedès, é denunciado como traidor e encarcerado sumariamente, sem julgamento, por 14 anos.

Na prisão, uma solitária, ele pensa em morrer e, no limite de suas forças, encontra  o Abade Farias que cavara um túnel até a sua cela.

Farias um homem culto, lhe dá instrução e lhe revela o segredo de um grande tesouro escondido na ilha de Monte-Cristo.

Edmond, milagrosamente, consegue sair da prisão e volta para se vingar daqueles que lhe fizeram mal e ajudar aqueles que lhe foram fiéis.

Dá vontade de não parar de escrever, mas acho que, apesar de ser uma história muito conhecida, não devo contar mais, porque realmente vale a pena ler.

Eu li o original, em francês, texto que, apesar do tempo decorrido, é muito fluido, ágil, agradável.  Meu marido, quase ao mesmo tempo, leu a tradução em português impressa pela Martin Claret, que já está em domínio público, em português de Portugal que, pelo pouco que folheei, é mais dura e antiga... mas ele gostou assim mesmo.  

Então LEIA!
Comece HOJE, AGORA!
Não perca mais nenhum instante!

Eu ainda volto com o assunto, que ainda dá muitos panos para mangas...
[terminei em 01/01/2010]

sábado, 2 de janeiro de 2010

Eu, Sarah Bernhardt

Eu, Sarah Bernhardt  (Ma double vie)
trad. Gulnara Lobato de Morais Pereira (1988)
José Olympio (404 pág.)

Amei de paixão.
Lembro de ter ficado muito decepcionada porque, na última página aparece: "Fim do primeiro volume" e eu não achei, de forma alguma o segundo, e, na época, pensei que não havia sido editado no Brasil por falta de interesse, etc.   Somente depois, muito depois, soube que a atriz escreveu somente o primeiro.
Era uma informação que deveria constar do livro em uma introdução, nota, comentário, mas... nada. Por isso deixo o aviso aqui: Não há segundo volume!

Quanto ao livro, é a autobiografia da famosa atriz francesa Sarah Bernhardt, que viveu entre o fim do séc. XIX e começo do séc. XX.
Ela esteve aqui, no Brasil, onde sofreu um grave acidente (episódio que não é contado neste livro) durante a representação de Tosca no Teatro Municipal do Rio e que implicou na perda de sua perna direita por gangrena. 
O carisma e a personalidade da atriz estão presentes em toda a narrativa, e eu fiquei lamentando não ter vivido naquela época para poder vê-la em cena.
Como consolo, hoje, com a internet, é possível achar pequenos fragmentos de imagens no You Tube...
Mas o livro é bom o bastante para compensar esta falta.

[terminei em 01/02/1990]

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

O conde de Monte-Cristo 1

Le Comte de Monte-Cristo
Alexandre Dumas (1844)
Folio (2 vol. - 1.398 pág.)


Há livros que se tornam famosos e a gente não sabe porque, mas... há aqueles que demonstram sua força, seu poder de atração, que a gente começa a ler e não quer parar mais e, quando vai chegando ao fim, começa a ralentar a leitura, de pena de ter que acabar e não mais "conviver" com personagens tão queridos.


É o caso deste livro que, embora enorme (são dois volumes, com um total de 1.398 páginas), dá vontade de começar tudo de novo logo que se acaba.  Ou seja, resumindo em uma palavra: MARAVILHOSO!

Este é só o primeiro post, ainda quente pelo fim da leitura, depois volto a falar dele.

1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6
[terminei em 01/01/2010]