O Pagamento
Philip K. Dick (2004)
Record - 382 pág.
Contos de ficção científica.
Existem coincidências que levam a gente a conhecer novos autores. Eu ouvi falar desse autor várias vezes em um curto espaço de tempo, uma crítica de uma obra, um filme com o Matt Damon, outro com o Keanu Reeves, etc., até que encontrei esse volume em um sebo.
Comprei e li, porque tenho uma certa queda por ficção científica, mas os contos não corresponderam aos elogios da contra-capa.
É um autor americano recente, morreu em 1982, e algumas de suas obras inspiraram os filmes: Blade Runner, Minority Report, O Vingador do Futuro e Os Agentes do Destino.
O Pagamento - Esse é o conto que deu nome ao livro e que, ao que parece, já virou filme. Não me animei a pegá-lo. Um homem encerra seu contrato em uma empresa e vai ao escritório receber seu pagamento. Lá, uma secretária lhe entrega um envelope com alguns itens estranhos: um arame, um crachá, um bilhete de ônibus... Atônito, ele questiona o pagamento e verifica que ele próprio alterou o contrato para mudar o pagamento de uma certa quantia em dólares para esses badulaques. Qual a razão? É o que ele sai para descobrir.
Babá - Nesse ele faz uma severa crítica à indústria tecnológica e aos métodos empregados para forçar os consumidores a comprarem sempre o último modelo. Um homem percebe que a babá-robô de seus filhos começa a apresentar avarias. Ele resolve vigiá-la, até que percebe que outros modelos de babás-robôs, mais novos, estão atacando os mais antigos, durante a noite.
O Mundo de Jon -Em um mundo pós-destruição por uma guerra de máquinas, viajantes no tempo devem voltar ao passado para roubar uns papéis de um cientista. Na confusão, o tal cientista morre. Ao voltar, eles descobrem que tinham evitado a guerra e seu mundo não era mais o caos que conheciam.
Café da manhã no crepúsculo - Esse aborda uma questão interessante, sobre como as pessoas preferem as explicações que não incomodam. Família acorda, se prepara para tomar café-da-manhã e iniciar um novo dia quando percebe que, não há mais nada do lado de fora... Só poeira e fumaça. A vizinhança toda sumiu no meio de destroços e só a casa deles está de pé.
A cidadezinha - Um homem que foi rejeitado por sua família, na escola, por sua própria mulher, é demitido da empresa onde trabalhou por anos. Chega em casa e encontra a mulher com o amante. Sem ligar para nada, vai para o porão, onde mantém um grande circuito de trem elétrico com uma réplica da cidade que ele mesmo construiu. Irritado, ele começa a substituir os prédios dos lugares que ele não gosta por outros. E algo acontece com a realidade.
O Pai-coisa - Esse me lembra outra história qualquer. Um menino vê pela janela seu pai conversar com outro homem, idêntico a ele. De repente, a cópia ataca o pai e suga sua vida. Depois, leva a casca vazia até a garagem e entra na casa, como se fosse o pai. O menino finge nada ter visto e procura ajuda de seus colegas de escola, descobrindo que são seres em forma de larva que estão crescendo como casulos em uma plantação ali perto.
A cerca de cromo - Em uma sociedade do futuro espera-se o resultado de eleições entre os "Naturalistas" e os "Puristas". Antes de saber o resultado, uma família debate o assunto na hora do jantar, o filho sendo um purista, que acha que as pessoas devem ser submetidas a cirurgias para extrair glândulas de suor e para impedir o mal-hálito, enquanto o tio defende a manutenção do natural. Os puristas vencem e o tio foge.
O pai que até então não queria saber de nada disso é quem acaba discutindo e sendo entregue aos puristas pelo próprio filho. Mas ele prefere se deixar eliminar pela polícia a viver daquela forma.
Autofab - Para sustentar a população durante a guerra, foram criadas fábricas subterrâneas totalmente automatizadas para extrair e produzir os alimentos e os gêneros de primeira necessidade. Só que a guerra acabou e as fábricas continuam em plena operação, esgotando todos os recursos possíveis e fornecendo produtos que as pessoas não desejam...
Os dias de Pat Prafrente - Esse é bem chatinho. Em um momento do futuro, em uma terra desolada, pessoas vivem em abrigos e passam o tempo com jogos com uma boneca, em que simulam uma vida normal para ela.
Plantão - No futuro, quando os EUA são governados por um computador gigante, o presidente é uma figura escolhida para ficar sem fazer nada, de plantão, para o caso de ser necessária. Como há muito tempo não é, escolhem sempre o funcionário mais simplório e inútil (será que tem alguma crítica nisso?). Só que a Terra é invadida por seres espaciais que destroem o computador, e é preciso que o presidente assuma.
Uma coisinha para nós, temponautas - Esse também é bem chatinho. Viajantes do tempo vão ao futuro e, lá, descobrem que eles morreram ao tentarem voltar para o seu tempo normal.
As pré-pessoas - Esse é um claro manifesto contra o aborto e contra a idéia que uma pessoa possa determinar quando outra é necessária. No futuro, as leis permitem que qualquer família que não esteja satisfeita com seu filho possa entregá-lo para "eliminação", basta que tenha até 12 anos, porque são considerados apenas "pré-pessoas". Esse valeu o livro.
[terminei em 14/05/2013]