sábado, 23 de outubro de 2010

Chantagem e Confissão

Blackmail
Alfred Hitchcock
1928 - UK
filme P&B,  meio mudo, meio falado.
Atores principais: Anny Ondra e John Longden

Namorada de policial arruma briga com ele para sair com um vizinho, pintor.
Este a leva para o seu apartamento e tenta estuprá-la. Ela, para se defender, alcança uma faca, o mata e foge, deixando as luvas para trás.





Só que um homem a tinha visto entrando. Ele, então, pega uma das luvas e começa a chantageá-la.

Para azar dele, a senhoria do prédio do pintor o havia visto rondando a casa e ele, como era ex-presidiário, passa a ser perseguido pela polícia.
Vou suprimir o fim, porque filme de suspense em que a gente sabe tudo perde a graça.

A filmagem começou como se fosse um filme mudo, mas quase no fim, os produtores decidiram que devia ser falado. Hitchcock teve, então, que refilmar algumas cenas.
A atriz (muito bonita, por sinal) era alemã e não falava bem inglês.
Como na época não era possível fazer dublagem, as cenas precisavam ser filmadas ao mesmo tempo em que uma outra atriz falava as suas frases, sem que a atriz escutasse, já que os fones eram grandes e apareceriam no filme.
(Deve ter sido um trabalho e tanto...)
Na foto, vemos o diretor com os fones, enquanto a atriz atuava.

Na entrevista a Truffaut, Hitchcock lembra que queria dar outro fim ao filme, mas os produtores não deixaram, e de uma brincadeira: na época, todos os bandidos das telas tinham bigode.  Ele coloca o pintor de cara limpa, mas em determinado momento, uma sombra sobre o rosto do ator faz as vezes de bigode.

Há uma perseguição ao chantagista dentro do British Museum.
Eles tinham permissão para filmar lá dentro, mas não havia luz suficiente. Hitchcock usou, então, o chamado processo Schüftan, sem que os produtores soubessem, porque como não conheciam o recurso, poderiam ter atrapalhado.

Nesse processo, coloca-se um vidro parcialmente espelhado na frente da câmera, enquanto, atrás, desenrola-se a cena em um cenário.  A imagem resultante é a soma da cena com o reflexo de uma foto, desenho, maquete, que estava refletida no espelho.
A imagem acima (da wikipedia) mostra o mesmo processo em uma cena de Metrópolis de Fritz Lang.

Hitchcock tinha o hábito de reutilizar idéias de filmes, que ele achava que não tinham sido bem desenvolvidas, em novos filmes, com outro acabamento.

Desse filme, merecem nota as cenas em que a mocinha, tentando se livrar do estupro, procura com a mão alguma coisa e encontra a faca, que deve ter inspirado a cena semelhante de "Disque M para Matar" e a própria perseguição no teto, reutilizada  tanto no "Ladrão de Casaca" quanto em "Intriga Internacional".

O diretor aparece neste filme, de frente, em uma cena razoavelmente longa.  No início, antes da briga, o casal pega o metrô e se senta ao lado de um menino mal-educado que implica com todo mundo, especialmente com o chapéu do Hitchcock.

Terminando, este, até agora, é o melhorzinho desta leva inglesa.
Não chego a recomendar, mas é interessante, dá para ver.

[assisti em 20/09/2010]

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