Oscar Wilde (1887 - 1891)
L&PM (198 pág.)
Reunião de contos que haviam sido publicados, originalmente, em coletâneas diferentes.
Eu gosto de contos. Acho um tempo bom, suficiente para apresentar os personagens e desenvolver a história sem cansar.
Neste caso, é realmente um prazer. Oscar Wilde escreve muitíssimo bem e a tradução é irrepreensível.
Hoje em dia, Wilde é muito conhecido por suas citações. Este livro guarda algumas.
O Crime de Lorde Arthur Savile (1891) - Jovem apaixonado, prestes a casar, durante uma festa tem seu destino lido por um quiroprático: Assassinato. Ele sai atordoado e pensando no que devia fazer... (mais eu não conto...)
"O mundo é um palco, mas a peça está sendo encenada com um elenco péssimo."
O amigo devotado - Esse é capaz de enervar qualquer um, a gente realmente fica odiando um dos personagens... Fala sobre a diferença entre falar e fazer. Lembra um pouco, na forma, as fábulas de Esopo, La Fontaine...
" - Receio tê-lo aborrecido - (...)
O fato é que contei a ele uma estória com moral.
O fato é que contei a ele uma estória com moral.
- Hmm! Isto é sempre uma coisa muito perigosa de se fazer (...)"
O fantasma de Canterville (1887) - O conto mais famoso de Wilde, que deu nome à coletânea. Humor e crítica feroz. Ele gira a metralhadora e ataca, ao mesmo tempo, americanos e ingleses.
Muito bom.
Uma família americana, na Inglaterra, compra a casa do Lord Canterville, apesar de todos avisarem que ela era assombrada pelo fantasma de um ancestral que ali matara a esposa e morrera.
Inicia-se, então, o confronto entre a família e o fantasma...
"Na verdade, era bastante inglesa em vários aspectos; um excelente exemplo de que temos tudo em comum com os Estados Unidos hoje, exceto, é claro, a língua."
O jovem rei (1888) - Um rei morre sem filhos. Ou melhor, ele deixa um filho bastardo que fora criado por uma família pobre. De repente, ele se vê transformado em príncipe prestes a ser coroado.
Uma capa bordada em ouro, uma coroa com rubis e um cetro de pérolas estão sendo preparados para o grande dia. Na véspera, maravilhado com tantas belezas e riquezas, dorme e sonha...
Impossível não lembrar de três outras histórias de outros grandes escritores: A questão dos sonhos reveladores, que já havia sido utilizada por Dickens em seu "Conto de Natal" de 1843, e o pobre que se transforma em príncipe de Mark Twain em "O Príncipe e o Mendigo" de 1882.
Posteriormente, Tolstoi também produz um conto em que um Tzar sonha sobre sua vida em "O Reveillon do jovem Tzar" de 1895.
Recomendo todas as quatro.
"- Na guerra - replicou o tecelão -, o forte escraviza o fraco,
e, na paz, o rico escraviza o pobre."
e, na paz, o rico escraviza o pobre."
O milionário modelo (1891) - Homem prestes a casar, mas sem dinheiro, visita um amigo pintor e limpa o bolso dando esmola a um mendigo que servia de modelo para um quadro. Leve, curto e divertido.
"Trevor era pintor. Na verdade, poucas pessoas escapam disso hoje em dia.
Mas ele era também um artista, e artistas são muito raros."
O pescador e sua alma - Esse conto e o seguinte são os mais fracos da coletânea. Homem se apaixona por uma sereia. Para viver com ela, deve se separar de sua alma. Longo e cansativo.
O Retrato do Sr. W.H. (1889) - Desenvolvimento de toda uma teoria sobre a real identidade do "Sr. W.H." citado nos Sonetos de Shakespeare, envolvida em uma história sobre ética. Pode-se mentir na defesa de uma idéia? Cansativo.
O príncipe Feliz (1888) - Conto infantil. Lindo e triste.
Uma andorinha faz amizade com a estátua de um príncipe que, em vida, havia sido feliz. Só que agora, do alto de seu pedestal, ele enxerga o seu reino.
Não sei se foi por conta da andorinha, mas lembrei logo do Jorge Amado e seu "O gato malhado e a Andorinha Sinhá"
Só este conto já vale o livro que recomendo, sem dúvidas.
[terminei em 01/03/2011]
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