terça-feira, 9 de março de 2010

188 contes à régler

188 contes à régler
Jacques Sternberg (1988)
Folio (378 pág.)

O título é um trocadilho, difícil de traduzir.  A palavra francesa "contes" tem dois significados que, em português, são representados por duas palavras distintas: contos e contas.  Daí o duplo sentido da frase, podendo ser: "contas a pagar" e "contos a acertar".    (A expressão "régler son conte" significa também "assassinar"...)

É engraçado que o verbo "régler", que vem de regle (= régua, regra), equivale também a pagar e aqui no Brasil se costuma usar a expressão popular "passar a régua" para zerar uma conta... As línguas são próximas...

Eu comprei este livro por culpa de um livro de literatura.  Não há nada mais enganador do que um livro de literatura, desses que escolhem um trecho para exemplificar toda a obra de um autor.  Normalmente, os trechos escolhidos são os melhores, e a gente se decepciona com o resto.

Pois bem.  Eu havia lido o conto "Le Robot"  que é muito bom.  Pela internet, achei uns outros dois ou três também interessantes. Daí me animei e comprei este livro.  Chaaaaato.
188 contos chatos, chatíssimos.

O autor é excessivamente crítico, chega a ser um poço de acidez e ataca Deus (especificamente) e o mundo (o tempo todo).
Os contos, todos de ficção científica, são repetitivos, pequenas variações sobre os mesmos temas: O homem que vai a outros planetas, seres de outros planetas que chegam à Terra, a guerra nuclear, poluição e religião.

Se eu não me engano, Mário de Andrade dizia que escrever bem é cortar palavras. Às vezes também deve-se cortar textos. 188 foi demais, se ele tivesse escolhido só uns 60 ficaria menos pesado. 

Mas nesse ponto, o título é perfeito, nos dois sentidos.  Havia muito o que acertar nestes contos, e o leitor paga o preço no final.


[terminei em 14/02/2010]

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